Foi um tudo-ou-nada para o imperador da França. Dramática, ela terminou de uma vez por todas com a ambição de Bonaparte de restaurar seu império
Fabiano Onça | 01/09/2005 00h00
Os últimos dias de março de 1815 foram azedos para os diplomatas
reunidos em Viena. Ali, representantes de Rússia, Prússia, Áustria,
Suécia, Inglaterra e várias nações e reinos menores tentavam, havia
meses, redesenhar o mapa político da Europa, reinstaurando as monarquias
e os territórios que existiam antes do furacão napoleônico. Porém a
ilusão de que o general corso estava liquidado acabou quando souberam
que ele não só havia retornado do exílio em Elba (uma ilhota no
Mediterrâneo), como no dia 20 de março fora recebido em glória em Paris.
Os aliados mal puderam acreditar. Napoleão, dez meses antes, em 11 de
abril de 1814, fora derrotado por uma coalizão de mais de 500 mil
soldados de várias nações européias, que se sublevaram contra o domínio
francês após a desastrosa campanha napoleônica na Rússia, em 1812.
Vitoriosos, os aliados colocaram Luís XVIII no trono da França e
enviaram Bonaparte ao exílio. Agora, quando estavam prestes a dividir o
bolo, teriam de brigar novamente com seu pior pesadelo. E em etapas
longas, até a definição, na batalha conhecida como Waterloo.
A escalada de Napoleão começou rápida. Em 15 de julho, com 124 mil
homens, invadiu a Bélgica. "Seu único trunfo era bater separadamente os
exércitos inimigos antes que se reunissem", diz o professor Alexander
Mikaberidze, especialista em história napoleônica da Universidade de
Mississipi, nos EUA. "As tropas que estavam na área eram formadas por
prussianos e outras compostas por ingleses, belgas, holandeses e
alemães, instalados na Bélgica. Napoleão tentaria batê-los para forçar
algum armistício com as outras nações, que estavam com seus exércitos
mais distantes da França." O desafio não era fácil. O exército
anglo-batavo-alemão contava com 93 mil homens, liderados pelo duque de
Wellington. O prussiano tinha 117 mil homens, comandados por uma velha
raposa, o general Blücher. Mesmo em inferioridade numérica, Napoleão
teria de atacar. Dentro de um mês, um exército austríaco de 210 mil
homens, outro russo, de 150 mil, e um terceiro grupo austro-italiano, de
75 mil, invadiriam a França pelo norte e pelo sul.
VITÓRIA APERTADA
Quando invadiu a Bélgica, as tropas anglo-batavo-alemãs ainda não
haviam se juntado ao exército prussiano. Napoleão decidiu bater
primeiramente os prussianos, que estavam a sua direita, em Ligny. E
mandou o marechal Ney, com 24 mil homens, para Quatre-Bras a fim de
barrar qualquer tentativa de os ingleses ajudarem os aliados. No dia 16
de junho de 1815, Bonaparte encarou o velho Blücher. Sabendo que eram os
franceses que tinham de correr atrás do osso, o prussiano entrincheirou
seus homens em fazendas próximas a Ligny e esperou. A batalha durou
todo o dia. No fim da tarde, a Guarda Imperial francesa arrebentou o
centro prussiano, decidindo a batalha. Blücher evitou uma desgraça
maior, liderando o contra-ataque com a cavalaria. Os prussianos puderam
recuar em ordem, na escuridão.
Ao término do embate, os prussianos amargavam 22 mil baixas, contra
11 mil dos franceses. "Blücher evitou a derrota. Napoleão, porém,
conseguiu o que queria: afastar os prussianos para bater os ingleses em
seguida", afirma o professor Mikaberidze. Para não deixar que os
prussianos pudessem se juntar aos ingleses na batalha seguinte, Napoleão
destacou uma tropa de 30 mil homens, entregou-a ao general Grouchy e
ordenou que perseguisse os prussianos.
No dia seguinte, 17 de junho, Wellington se aproveitou da chuva forte
que caiu sobre a região para levar o exército a uma posição mais
segura, o monte Saint Jean. Os franceses chegaram lá ao fim do dia. O
temporal continuava. Mas Napoleão não dispunha de tempo. Mesmo sob
tempestade, ele foi pessoalmente verificar as condições do campo durante
a noite. "Naquele momento, Bonaparte tinha a chance com que tanto
sonhara. Os prussianos estavam em retirada, sendo acossados por Grouchy.
A ele só restava ter um bom desempenho contra os ingleses no dia
seguinte e demonstrar à Europa que a França ainda estava viva", comenta o
professor Wayne Hanley, especialista em história moderna da
Universidade de West Chester, na Pensilvânia, EUA.
Pela manhã, o tempo melhorara. Wellington contava com 23 mil ingleses
e 44 mil soldados aliados, vindos da Bélgica, da Holanda e de pequenos
estados alemães, num total de 67 mil homens, apoiados por 160 canhões.
Os franceses contavam com 74 mil homens e 250 canhões. Wellington
posicionou suas tropas ao longo da elevação de Saint Jean. Sua ala
direita se concentrava em torno da fazenda de Hougomount. No centro,
logo abaixo da colina, outra fazenda, La Haye Sainte, estava ocupada por
unidades do exército dos Países Baixos. À esquerda, tropas aliadas se
posicionavam em torno de uma terceira fazenda, a Papelotte. "Wellington
assumiu uma postura extremamente defensiva. Em parte porque seu exército
não era dos melhores e porque, para ele, quanto mais tempo demorasse a
batalha, maiores eram as chances de o reforço prussiano chegar", relata
Hanley.
CANHÕES NA FAZENDA
Napoleão queria começar o ataque cedo. Mas a chuva do dia anterior
havia transformado o campo de batalha num lamaçal. Ele teve de esperar
até as 11 horas da manhã, quando o solo ficou mais seco, para iniciar o
ataque contra Wellington. A idéia era chamar a atenção para esse setor e
fazer o inglês desperdiçar tropas ali e então atacar no centro. O
ataque a Hougomount, com fogo de canhões, durou meia hora. O lugar era
protegido por duas companhias inglesas, que não somavam mais de 3,5 mil
homens. Elas receberam o peso de mais de 10 mil franceses, mas não
cederam. Aos poucos, o que era para ser um blefe tragou durante todo o
dia preciosos recursos franceses. Pior, Wellington não caíra na
armadilha e mantinha as melhores tropas no centro, perto de La Haye
Sainte. Napoleão então decidiu que era a hora de atacar o centro da
linha inglesa. Por volta de 12h30, o marechal Ney, seu braço-direito,
posicionou 74 canhões contra a estratégica fazenda de La Haye Sante.
"Napoleão era militar da artilharia, e essa experiência ganhou uma
grande importância no exército. Virou a arma mais temível", explica o
professor Mikaberidze.
Napoleão agora faria o que sempre comandava com eficiência: explodir o
centro adversário. Pressentindo o perigo, Wellington ordenou às as
tropas posicionadas no alto do monte Saint Jean que se jogassem ao chão
para diminuir os danos, mas nem todos tiveram a chance. As tropas
belgo-holandesas do general Bilandt, que permaneceram na encosta
desprotegida do monte, foram simplesmente massacradas. Mal os canhões se
calaram, foi a vez de os tambores da infantaria francesa iniciarem seu
rufar. Às 13 horas, marchando em colunas, os 17 mil homens do corpo
comandado pelo general D·Erlon atacaram. O objetivo: conquistar a
fazenda de La Haye Sainte, o ponto vital do centro inglês. Ao mesmo
tempo, outro contingente se aproximava, pressionando a ala esquerda dos
britânicos. Napoleão agora declarava as suas verdadeiras intenções e
partia para o ataque frontal. Acossadas pela infantaria francesa, as
tropas inglesas perderam Papellote e deixaram vulnerável a ala esquerda.
Ao mesmo tempo, as tropas alemãs da Legião do Rei, as responsáveis pela
guarda de La Haye Sainte, no centro, ameaçavam sucumbir.
Foi o momento de Wellington pensar rápido. Na ala esquerda, o
comandante inglês ordenou que o príncipe alemão Bernhardt de Saxe-Weimar
retomasse Papelotte, o que foi feito com sucesso. Para conter o ataque
da infantaria napoleônica no centro, ele acionou a 5ª Brigada, veterana
da guerra na Espanha. Fuziladas a curta distância, as tropas de Napoleão
retrocederam, não sem antes deixar morto no campo, com uma bala na
cabeça, o chefe da brigada inimiga, o general Picton. Ao ver os
franceses recuando, Wellington viu a chance de liquidar a batalha.
Acionou sua cavalaria para um contra-ataque no centro. As brigadas
Household, Union e Vivian provocaram desordem entre os franceses. Mas
por pouco tempo. Perto da linha de canhões inimiga, a cavalaria inglesa
foi surpreendida por um contragolpe mortal. A cavalaria pesada francesa,
com seus Courassiers (couraceiros), apoiados pelos Lanciers (cavalaria
leve), atacou os ingleses. O general Ponsonby, chefe da brigada Union,
morreu junto com sua unidade, aniquilada. Napoleão dava o troco e
continha os ingleses.
Eram 15 horas e a batalha permanecia num impasse. Na ala direita de
Wellington, a luta prosseguia sem um resultado decisivo em Hougomount.
No centro e na esquerda, os ingleses e os aliados batavos e alemães
haviam a muito custo mantido La Haye Sainte e Papilotte. Foi nessa hora,
entretanto, que Bonaparte recebeu uma notícia que o alarmou. Cerca de
40 mil homens se aproximavam do lado direito do exército francês, nas
imediações de Papilotte. De início, chegou a pensar que fosse o general
Grouchy - que havia sido encarregado de afastar os prussianos -
chegando. Logo suas esperanças se desfizeram. Grouchy falhara. Aquele
corpo de exército era simplesmente a vanguarda do exército prussiano,
que chegava para socorrer o aliado inglês. Napoleão teve que improvisar.
Sua ala direita, comandada pelo general Lobau, se realinhou de modo
defensivo para segurar a chegada dos prussianos e dar ao imperador
algumas horas para agir.
FIM TRÁGICO
Enquanto isso, ele ordenou ao marechal Ney que, de uma vez por todas,
tomas-se La Haye Sainte e rompesse o centro inglês, assegurando a
vitória. Ney, com dois batalhões de infantaria, atacou a fazenda. Nesse
momento, cometeu um erro fatal de julgamento. "Em meio à fumaça dos
canhões e à loucura da batalha, Ney supôs que o exército inglês estava
recuando. Ele então ordenou que sua cavalaria partisse para cima do
inimigo. Napoleão achou o movimento precipitado, mas, uma vez que Ney
era quem estava encabeçando o ataque, enviou mais cavaleiros para
sustentar a carga", comenta o professor Hanley.
A tremenda carga dos Courassiers terminou de forma trágica. A
infantaria inglesa não estava recuando, como Ney imaginava. Eles se
agruparam em quadrados e passaram a fuzilar os cavaleiros franceses, que
não conseguiam romper as formações defensivas. Nas duas horas
seguintes, Ney lideraria ao menos 12 cargas de cavalaria contra o centro
inglês, com mais de 5 mil cavaleiros. Às 17 horas, La Haye Sainte
finalmente caiu em mãos francesas, mas os ingleses ainda mantinham seu
centro coeso no alto do monte Saint Jean. Às 17h30, a cavalaria francesa
lançou o assalto final e foi novamente batida. Os ingleses não estavam
em melhor estado e suas linhas estavam a ponto de romper. Ney, dessa
vez corretamente, identificou a oportunidade de vencer e implorou a
Napoleão por mais tropas. "De onde você espera que eu tire mais tropas?
Quer que eu invente algumas agora?", respondeu Napoleão, irritado.
"Nesse momento, Bonaparte viu a vitória escapar. Mais um esforço e
Wellington teria sido derrotado. A essa altura, os prussianos estavam
esmigalhando a direita de seu exército e ele teve que priorizar esse
setor para ganhar mais fôlego. Na verdade, talvez ele esperasse ver
surgir, a qualquer momento, as tropas de Grouchy. Com 30 mil homens a
mais, ele poderia ter vencido a batalha", pondera o professor
Mikaberidze. A luta com os prussianos ia de mal a pior. Dez batalhões da
Jovem Guarda, após um combate feroz contra o dobro de inimigos, haviam
perdido 80% de seus homens e começavam a recuar.
Napoleão decidiu então utilizar sua última e preciosa reserva: a
Velha Guarda, a elite de seus veteranos. Ele enviou dois batalhões
contra os prussianos - e mais uma vez eles fizeram valer sua fama.
"Quando a Velha Guarda entrava em campo, os inimigos tremiam. Até então,
ela nunca havia sido derrotada em batalha", relembra o professor
Hanley. "Os dois batalhões varreram, sozinhos, 14 batalhões prussianos,
estabilizaram a ala direita e deram ao imperador a chance de lutar
novamente contra Wellington no centro", comenta. Napoleão então jogou a
última cartada. Às 19 horas, enviou contra o centro inglês os últimos
quatro batalhões da Velha Guarda. "Wellington, nesse meio tempo, embora
quase tenha dado o toque de retirada, foi beneficiado pela intensa
pressão dos prussianos, que diminuíram seu front e lhes livraram algumas
unidades", aponta Hanley. Em desespero, o general inglês reuniu tudo o
que tinha e esperou o ataque final entrincheirado no alto do Saint Jean.
Enquanto subia o monte, a Velha Guarda foi assaltada pelas unidades
inglesas, alemãs e holandesas. Uma a uma, foram repelidas, enquanto os
veteranos de Napoleão continuavam seu avanço.
"A 5ª Brigada inglesa, do general Hallket, tentou pará-los, mas logo
seus homens fugiram assustados diante do avanço francês. Apesar de
sofrer baixas horríveis e lutar na proporção de 1 para 3, simplesmente
ninguém conseguia parar a Velha Guarda", afirma Hanley. Wellington, por
ironia, foi salvo não por suas próprias tropas, mas por um general belga
que durante anos lutou ao lado de Napoleão - quando a Bélgica era um
domínio francês. O general Chassé, à testa de seis batalhões holandeses e
belgas, se lançou numa carga feroz de baioneta contra os franceses. O
ataque foi demais, até mesmo para a Velha Guarda. Sem apoio e em menor
número, pela primeira vez os veteranos de Napoleão recuaram.
Logo, os gritos de "la Garde recule!" (a Guarda recua) ecoaram pelo
campo. O centro inglês havia resistido a despeito de todos os esforços.
Pelo lado direito, os 40 mil prussianos finalmente esmagavam os 20 mil
franceses que lhes haviam obstruído durante horas. Em um último ato de
coragem, três batalhões da Velha Guarda permaneceram lutando para dar ao
imperador a chance de fugir. Lutariam até o fim. Cercados por
prussianos, receberam ordem de rendição. O general Cambonne, o líder,
teria então afirmado: "A Guarda morre, mas não se rende". Em outro
ponto, o marechal Ney, apelidado por Napoleão como "o bravo dos bravos",
ao ver tudo perdido, reuniu um grupo de soldados fiéis e liderou uma
última carga de cavalaria, gritando: "Assim morre um marechal da
França!" Capturado, foi fuzilado depois pelo governo monarquista francês
por alta traição.
Napoleão, agarrado por auxiliares, foi retirado à força do campo de
batalha. Seria posteriormente posto sob custódia inglesa e enviado à
distante ilha de Santa Helena, no Atlântico Sul, onde morreria em 1821. A
batalha custara a ingleses, belgas, holandeses e alemães 15 mil baixas.
Os prussianos deixaram no campo 7 mil homens. Os franceses amargaram 25
mil mortos e feridos, além de 8 mil prisioneiros.
Foi só às 21 horas que Wellington finalmente se encontrou com Blücher
para o aperto de mãos. A ameaça napoleônica fora vencida de vez.
Blücher queria chamar a batalha de Belle Aliance - nome da fazenda que
fora o quartel - general de Napoleão durante a batalha. Wellington,
porém, teve outra idéia. É que ele tinha suas manias. Uma delas era
batizar combates com o nome do lugar onde ele dormira na noite anterior.
Uma vila a alguns quilômetros dali, conhecida por Waterloo, deu então o
nome à histórica batalha.
Grouchy, Traidor de Napoleão?
Quase dois séculos depois, ainda permanece a dúvida sobre o marechal
Grouchy Ter ou não passado Napoleão para trás. "Grouchy é visto como o
culpado pela derrota de Bonaparte por não ter evitado que os prussianos
se unissem aos ingleses e por não ter acorrido à Waterloo, com seus 30
mil homens, quando ouviu a canhonaria da batalha", aponta o professor
William Flayhart, professor de história moderna da Delaware State
University, nos EUA. "Os bonapartistas mais exaltados viram aí sinal de
traição. Na época, especulava-se que Grouchy fora subornado. Ele virou
bode expiatório." Emmanuel Grouchy passaria o resto da vida tentando
provar a inocência. Seu passado ao lado da causa napoleônica era o maior
argumento. Ele se juntara ao exército em 1781.
As habilidades como
comandante foram notadas nas batalhas de Eylau (1807), Friedland (1807) e
Borondino, contra os russos - uma atuação muito elogiada. "Talvez tenha
faltado a Grouchy presença de espírito. Mesmo quando seu subordinado, o
general Gerárd, lhe implorou para que dirigisse as tropas a Waterloo,
Grouchy preferiu seguir as ordens à risca, ou seja, dar caça aos
prussianos", completa o professor Flayhart. Grouchy combateu os
prussianos em Wavre, em 18 de junho, dia em que Napoleão foi derrotado
em Waterloo. Blücher deixara sua retaguarda como isca - e o marechal
francês interpretou que esse fosse o grosso do exército inimigo. Grouchy
venceu o embate para no dia seguinte receber a notícia da chegada de
mais soldados inimigos. Ele ainda recuou para Paris com seus homens.
Escorraçado por seus pares e pela opinião pública, só foi reaver seu
bastão de marechal em 1830. "As cargas desordenadas de Ney e o medíocre
dispositivo de batalha de Napoleão pesaram muito mais na derrota do que a
ausência de Grouchy, que ficou com a maior culpa", diz Alfred Fierro,
ex-diretor da Biblioteca Histórica de Paris.
Os Maiores Erros
IMPRUDÊNCIA
"Napoleão deveria ter preservado seu exército, como escreveu seu
general Kellerman: ·Não poderíamos vencer os britânicos naquele dia. Com
calma, evitaríamos o pior·." Steven Englund, historiador americano.
ATAQUE INFRUTÍFERO A HOUGOMOUNT
"Napoleão foi pretensioso em seu ataque à ala direita de Wellington.
Só desperdiçou recursos que seriam vitais em outras áreas. No fim,
Bonaparte provou que seus homens estavam fatigados. As manobras foram
inócuas diante de inimigos." Wayne Hanley, da Universidade de West
Chester, nos EUA.
AUXILIARES FRACOS
"Seu melhor general, Davout, estava em Paris, para a segurança da
capital. Outra opção infeliz foi Soult, inadequado para a função
logística. Pior foi ter dado ao inexperiente Grouchy o comando da ala
esquerda, o que se provou fatal." Alexander Mikaberidze, da Universidade
de Mississipi (EUA).
ATAQUES DESESPERADOS
"Ney era provavelmente o mais corajoso e leal de todos os oficiais a
serviço de Bonaparte. Foi o último francês a sair da Rússia, em 1812, e
Napoleão o chamava de ·o bravo dos bravos·. Mas seu ataque em Waterloo,
com a cavalaria, foi puro desespero, um verdadeiro suicídio. Napoleão
deveria ter abortado essa ação impensada de seu general." Alfred Fierro,
ex-diretor da Biblioteca Histórica de Paris.
A morte de Napoleão
Depois de dois meses de viagem, em 17 de outubro de 1815, o
ex-imperador da França chegou à longínqua ilha de Santa Helena, uma
possessão inglesa encravada no Atlântico Sul, distante 1,9 mil km da
África e 2,9 mil km do Brasil. A seu lado, apenas alguns poucos servos e
amigos. Mas o pior ainda estava por vir. Em 14 de abril de 1816, chegou
o novo governador da ilha, sir Hudson Lowe. Esse não tinha nenhuma
qualidade excepcional, exceto seu fanático amor ao dever. Durante os
anos de seu mandato, ele submeteu Bonaparte a toda sorte de
mesquinharias. Em 1819, Napoleão caiu doente, mas ainda escreveria, em
1820: "Eu ainda estou suficientemente forte. O desejo de viver me
sufoca". Na prática, porém, não foi bem assim. Ele morreria às 17h51, em
5 de maio de 1821, depois de sofrer fortes dores no estômago por meses.
Ironicamente, mesmo após sua morte ele ainda levantaria controvérsias.
Para muitos, o ex-imperador dos franceses fora lentamente envenenado com
arsênico pelos ingleses. Pesquisas recentes descartam a hipótese,
conforme registra Steven Englund em seu livro Napoleão - Uma Biografia
Política. Porém a última glória os ingleses não puderam lhe roubar. Em
1840, seu corpo foi retirado da ilha e levado de volta à França. Durante
dias, Paris parou para saudar a volta de seu imperador, em um desfile
fúnebre grandioso.
Fonte: aventurasnahistoria
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